domingo, 13 de março de 2011

Por nada menos que “a coisa”




Relacionamentos, encontros, desencontros... 

Um dos meus poetas prediletos, Pablo Neruda, tem um livro de poesias em forma de perguntas. Cada verso é uma dúvida... Fiquei pensando que, escrever sobre o amor, deveria ser sempre assim, com o ponto de interrogação ao final (e não é?). Pois bem, esse foi o estopim para este texto: uma pergunta! É que, dia desses, uma amiga me cercou de perguntas e, na hora, as respostas que vieram em minha cabeça eram muitas e sem muita coerência. Antes de sair por aí fazendo afirmações das quais nem eu tinha certeza, vim organizar as ideias.

Acho que a questão se resume assim... se quando conhecemos alguém, que tem potencial para entrar em nossa vida, se, para que isso aconteça, tem de haver algo especial desde o começo? Aquilo que chamam de química. Aquilo que faz o coração disparar e a alma arrepiar-se quando se está perto. Muitas vezes nem é preciso estar perto, um simples pensamento pode trazer enjôos e palpitações. Então, afinal, estes sintomas são necessários desde sempre? Ou podem aparecer com o tempo? Existe uma regra para isso?

Lembro que quando terminei um relacionamento, uma das lições que aprendi é que ter toda essa coisa cósmica com alguém não adianta de nada se não tiver outras coisas, tais como afinidades e respeito.

Tem quem escolhe ingressar em um relacionamento somente por pura química, tem outros que decidem embarcar numa relação somente por ter achado um “bom partido” (seja lá o que isso significa). E tem quem une os dois. Assim como tem quem dispensa se não tiver os dois. Se existe um caminho certo, qual seria?

Comecei a observar a história de alguns relacionamentos e a questionar as pessoas ao meu redor sobre todos os relacionamentos que tiveram. A maioria já iniciou uma relação em ambos os casos, ou seja, com ou sem “a coisa” no começo.

Lembro que quando terminei um relacionamento, uma das lições que aprendi, é que ter toda essa coisa cósmica com alguém, não adianta de nada se não tiver outras coisas, tais como afinidades e respeito.

Uma das minhas fontes me ajudou a tirar uma conclusão disso tudo. Contou-me que por muito tempo tentou encontrar, incansavelmente, a tal da "pessoa certa”. Várias vezes se deparou com alguém que tinha chances de ser esta pessoa, mas, na falta da “coisa", ela deixou passar. Até que se cansou, e conheceu alguém potencial, porém sem sentir “a coisa”. Mesmo assim, decidiu apostar suas fichas. Parece que deu certo. Me contou que construíram um amor, uma história.

Acho então, que não existe um certo ou um errado, ou uma regra (conclusão previsível tratando-se de relacionamentos amorosos). Acho que tudo pode ser. Algumas pessoas - por carência ou cansaço, ou sei lá o que - resolvem sossegar o coração e ter um relacionamento, com ou sem “a coisa”. E têm outras pessoas que se recusam a aquietar-se enquanto não sentirem aquele frio na barriga.

Sinceramente eu não soube dizer para uma amiga se ela deveria ir em frente mesmo sem arrepio inicial, ou se ela deveria pular fora e só se envolver quando sentisse essa irradiação divina. Eu não sei da vida dos outros, não sei o que é essencial na vida de cada um e, por não achar que isso é algo que se aplica à todos, acho que foi bom nem opinar. Da minha vida eu sei! E, apesar de ter aprendido que de nada adianta sentir calafrios e irradiações especiais sem todo o resto, também, para minha vida, não adianta todo o resto se eu não sentir que meu universo se transforma por conta da existência de outro alguém. Cada um é cada um, mas eu não me aquietaria por nada menos que aquela coisa mágica me socando a espinha. Ainda que, como disse Caio Fernando Abreu, “depois venha o tempo do sal, não do mel”.

Um comentário:

Débora Ferraz disse...

Você conhece o "Blog das perguntas" do (http://armandoantenore-blog.blogspot.com/)? Esse teu post me lembra de várias dúvidas a mais que achei lá. E como diz o clichê, são elas mesmo que movem o mundo, né?

Ressignificando nossas relações

Escrevo-te assim como quem escreve para alguém que nunca amou. Não te amei, mas tentei. E eis que, por fim, surge algum tipo de amor. Não to...