terça-feira, 21 de julho de 2020

Viajar no tempo é um mergulho no escuro, mas há luz

Dark é, basicamente, um seriado sobre viagens no tempo. Ali, as pessoas viajam para outros tempos, como quem viaja para outras cidades. Quem vai para o futuro não aceita que foi parar lá e tenta, incansavelmente, voltar para o presente, que, no caso, já é passado. Por sua vez, quem vai para o passado, se vê aflito sabendo que cada pequeno acontecimento, cada pequena escolha vai desenhar o futuro tal como já conhecem. Tem coisas que dá vontade de reescrever e tem outras que sabemos que precisavam acontecer.

De todo modo, não seria essa mesma a história de nossas vidas: uma repetição de não aceitação de tudo o que já não é? No presente não aceitamos o nosso passado e, se não tomamos muito muito cuidado, estamos fadados a - no futuro, não nos conformarmos com o rumo que as coisas tomaram.

Um dos personagens, preso lá no passado, quer voltar para o tempo que ele reconhece como sendo o seu tempo. Mas, ele descobre que não poderá fazer isso pelos próximos 32 anos. O que fazer? Continuar tentando voltar? Ou talvez aceitar que, agora, esse é o seu novo tempo e que a forma que ele decidir viver aqui e agora vai construir os outros presentes porvir, o futuro!

Se, no passado plantamos o que colhemos no presente e, aqui, no presente, plantamos o que virá no futuro, então é melhor começar a plantar boas sementes. Penso que, se não escolhermos com cuidado o que sentimos, pensamos e o que propagamos ao universo aqui, neste exato momento, pode ser que o futuro seja só mais do mesmo. O eterno retorno. Se não trabalhamos em nós mesmos no momento presente, não temos futuro e a vida se repete. E aí estaremos sempre presos no passado – estagnados!

Andei revisitando muitos afetos do meu passado, antigos amores que me feriram, amigos que já não caminham mais comigo. Não foi algo que busquei e nem foi motivado por algum tipo de nostalgia, só me aconteceu isso: o passado me voltando até que eu parasse para prestar atenção. O que foi que aprendi e o que de fato criei lá atrás que me segue até aqui? Sinto que, por muitos anos, as coisas eram dolorosas e desconexas, mas - quando decidi viver com mais responsabilidade, quando decidi delinear quem eu sou e para onde quero ir, o passado depois desse ponto é muito mais fluído, mais leve, menos denso, mais conectado e pelo qual posso dizer que as coisas não só me aconteceram desenfreadamente, mas eu disse sins e nãos conscientes - de acordo com quem sou e quero ser e, ufa! - agora sim sinto que minha história foi de fato escrita e narrada por mim.

Sei que no futuro não existirão mais as histórias de como as pessoas me feriram, de como eu reagia loucamente à forma como me tratavam, de como eu me mantive por períodos longos demais em relacionamentos que não eram para mim. A gente aprende, visitando o passado, que é importante saber quem somos para respeitar o que estipulamos: eu não admito ser tratada assim e, portanto, vou embora mesmo que algo em mim ainda queira ficar. Isso é um tremendo respeito para consigo mesma!

Também aprendemos que nem tudo o que nos é posto é para ser acatado e vivido, tem que saber muito de si mesma para dizer SIM para coisas, pessoas e situações que te levam na direção que você se propôs a seguir e mais ainda para dizer NÃO para o que claramente vai te levar para onde você não quer ir ou, melhor, pra onde você jamais quer voltar.

Espero que, cada vez mais, a gente viva com mais consciência e possa dizer com orgulho que não fomos moldados ao acaso, mas que nos construímos.


2 comentários:

Paulo disse...

Aprender com o passado e construir o futuro que a gente merece ♥️ é isso!

Bruna Magno disse...

Resumiu perfeitamente. É isso, amigo! ❤

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