Não te amei, mas tentei.
E eis que, por fim, surge algum tipo de amor.
Não toda hora e nem de qualquer jeito. Mas, ainda assim: amor.
Amor por sua cor; por seu cheiro de terra.
Amor também pela forma como você brota do chão como um presente dos céus.
Ah! E suas vitaminas ímpares? Mais do que te amar, eu te respeito!
Acho bonita a forma como me mancha a mão. Haja água para te limpar de mim!
Quando me alimento de ti, todos sabem! Nunca passa despercebida: teu sumo deixa rastros violeta pela cozinha: nos puxadores dos armários; em gotas que se derramam pelo chão. Nenhuma outra igual a ti deixa marcas assim: és única!
Quando eu era pequena, minha mãe me fazia um xarope caseiro de beterraba para curar uma anemia que eu tinha. Isso me traumatizou e me fez odiar beterraba a vida toda. Nos últimos anos, venho ressignificando minhas relações (com pessoas, coisas, lugares e circunstâncias). O resultado é libertador.
É fácil gostar do que sempre se gostou. É fácil odiar o que sempre se odiou. Difícil é aprender a aceitar nossos desafetos e dar um novo sentido para eles: prová-los de forma diferente, sob um novo paladar. Quando nos abrimos para isso, criamos um espaço para um novo sentimento. Quiçá outro tipo de amor. Ou nem amor e nem ódio. Um meio termo de sabor indefinido. Agridoce talvez.
*** Desenho da amada amiga Camila Ribovski
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