Dark é, basicamente, um seriado sobre viagens no tempo. Ali, as pessoas viajam para outros tempos, como quem viaja para outras cidades. Quem vai para o futuro não aceita que foi parar lá e tenta, incansavelmente, voltar para o presente, que, no caso, já é passado. Por sua vez, quem vai para o passado, se vê aflito sabendo que cada pequeno acontecimento, cada pequena escolha vai desenhar o futuro tal como já conhecem. Tem coisas que dá vontade de reescrever e tem outras que sabemos que precisavam acontecer.
De todo modo, não seria essa mesma a história de nossas vidas: uma repetição de não aceitação de tudo o que já não é? No presente não aceitamos o nosso passado e, se não tomamos muito muito cuidado, estamos fadados a - no futuro, não nos conformarmos com o rumo que as coisas tomaram.
Um dos personagens, preso lá no passado, quer voltar para o tempo que ele reconhece como sendo o seu tempo. Mas, ele descobre que não poderá fazer isso pelos próximos 32 anos. O que fazer? Continuar tentando voltar? Ou talvez aceitar que, agora, esse é o seu novo tempo e que a forma que ele decidir viver aqui e agora vai construir os outros presentes porvir, o futuro!
Se, no passado plantamos o que colhemos no presente e, aqui, no presente, plantamos o que virá no futuro, então é melhor começar a plantar boas sementes. Penso que, se não escolhermos com cuidado o que sentimos, pensamos e o que propagamos ao universo aqui, neste exato momento, pode ser que o futuro seja só mais do mesmo. O eterno retorno. Se não trabalhamos em nós mesmos no momento presente, não temos futuro e a vida se repete. E aí estaremos sempre presos no passado – estagnados!
Andei revisitando muitos afetos do meu passado, antigos amores que me feriram, amigos que já não caminham mais comigo. Não foi algo que busquei e nem foi motivado por algum tipo de nostalgia, só me aconteceu isso: o passado me voltando até que eu parasse para prestar atenção. O que foi que aprendi e o que de fato criei lá atrás que me segue até aqui? Sinto que, por muitos anos, as coisas eram dolorosas e desconexas, mas - quando decidi viver com mais responsabilidade, quando decidi delinear quem eu sou e para onde quero ir, o passado depois desse ponto é muito mais fluído, mais leve, menos denso, mais conectado e pelo qual posso dizer que as coisas não só me aconteceram desenfreadamente, mas eu disse sins e nãos conscientes - de acordo com quem sou e quero ser e, ufa! - agora sim sinto que minha história foi de fato escrita e narrada por mim.
Sei que no futuro não existirão mais as histórias de como as pessoas me feriram, de como eu reagia loucamente à forma como me tratavam, de como eu me mantive por períodos longos demais em relacionamentos que não eram para mim. A gente aprende, visitando o passado, que é importante saber quem somos para respeitar o que estipulamos: eu não admito ser tratada assim e, portanto, vou embora mesmo que algo em mim ainda queira ficar. Isso é um tremendo respeito para consigo mesma!
Também aprendemos que nem tudo o que nos é posto é para ser acatado e vivido, tem que saber muito de si mesma para dizer SIM para coisas, pessoas e situações que te levam na direção que você se propôs a seguir e mais ainda para dizer NÃO para o que claramente vai te levar para onde você não quer ir ou, melhor, pra onde você jamais quer voltar.
Espero que, cada vez mais, a gente viva com mais consciência e possa dizer com orgulho que não fomos moldados ao acaso, mas que nos construímos.
Meus momentos de insights, plenitudes, assombros, questionamentos e o que mais surgir! :)
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